O município de Santana do Piauí está localizado no Sertão piauiense, no Sudeste do estado, a 326 quilômetros da capital, Teresina. Tem como limites os municípios de São José do Piauí ao Norte, Picos ao Sul, Dom Expedito Lopes, Ipiranga do Piauí e Picos a Oeste, e Sussuapara ao Leste.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2016) o clima típico é tropical semiárido quente com variação de temperaturas anuais entre 26ºC e 37ºC, e como característico da região sertaneja apresenta índices pluviométricos variados. Ainda, segundo o IBGE, Santana do Piauí possui uma área de 141,118 quilômetros quadrados com uma população estimada no ano corrente em 4.552 habitantes.
Santana do Piauí é uma cidade que apresenta uma expressiva população rural, com 2.273 habitantes, que representa 66% da população total do município, superando o índice populacional urbano que compreende apenas 34%, descrevendo em números, 1.985 habitantes. Esta característica em particular, deve-se ao fato de o município apresentar nove comunidades rurais com significativa aglomeração de pessoas: Alegre, Barro, Camarada, Engano 1, Engano 2, Lagoa dos Marcelinos, Lagoa Seca, Malhada Vermelha e Queimada da Ema.
Outra característica no que tange a população diz respeito à composição por sexo, em maior parte formada por mulheres, correspondendo ao índice de 52%, enquanto que a população masculina chega aos 48%. Traduzindo em números, o município possui 2.214 mulheres e 2.044 homens.
Conforme dados do Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil (2013) Santana do Piauí ocupa ainda a 98ª posição no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano entre os 224 municípios piauienses, alcançando um percentual médio de 0,574. Nas duas últimas décadas houve um avanço na redução da distância entre o número atual equiparado ao indicador máximo que é 1, diminuição foi de 44,31%.
Ainda de acordo com o Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil (2013) sobre os indicadores sociais: mortalidade infantil e a esperança de vida, a primeira diminuiu e a segunda aumentou .
Segundo Arnaldo Rocha, Manoel Santos e Maria Rocha (2012) Santana do Piauí tem seu surgimento no ano de 1860, atrelado à chegada de populares oriundos de lugarejos próximos à região que nesta época não era habitada. Os mesmos buscavam um local fértil e com água em abundância. O então povoado que se formara foi denominado Saco do Engano em decorrência de suas características geográficas, pois o acesso ao local é permitido por uma única via se assemelhando a ideia de um saco.
De Saco do Engano, em 28 abril de 1992, torna-se município através da lei nº 4.874, desmembrando de Picos. A localidade recebe assim o nome de Santana do Piauí em homenagem a Santa Ana, divindade católica cultuada na região desde sua fundação. Desde então, a cidade vem se desenvolvendo em decorrência de atividades e cultivo de produtos agrícolas, como a mandioca, milho e feijão.
No tocante à economia santanense, enfatiza-se que esta gira em torno da agricultura e pecuária . Nos últimos anos tem se tornado um polo em ascendência da apicultura piauiense. No entanto, em decorrência dos três anos consecutivos de seca a colheita de sementes (milho, feijão) e produtos derivados da mandioca obtiveram uma redução considerável.
De acordo com a Secretaria Municipal de Agricultura (2016) só no último ano a perda da safra agrícola atingiu mais de 90% das plantações. Já em relação aos rebanhos do município, (IBGE, 2012), estimava-se que em Santana do Piauí existiam 1.321 animais entre bovinos, suínos, caprinos, e a produção do mel de abelha atingia 14.466 quilos por ano.
No âmbito da educação os índices são relevantes. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2013), o nível de analfabetismo na população que compreende a faixa etária de 25 anos ou mais é de 37,66%. Este percentual denota uma considerável redução na taxa de analfabetismo na população adulta, onde a frequência escolar pode ser reduzida.
Ainda segundo dados do PNUD (2013) saldos positivos também são encontrados na renda per capta obtida pela população que em 2010 cresceu 100,58% chegando a R$ 228,52. No referente ao índice da extrema pobreza , este reduziu 25,43% em 2010. O mesmo resultado também contribuiu para uma diminuição na desigualdade da concentração da renda- Gini que aumentou para o percentual médio de 0,47.
Na apresentação geográfica, histórica, social, as riquezas naturais também merecem destaque, pois o município é reconhecido na região pelas suas belezas naturais e pinturas rupestres. Um dos lugares bastante visitados pelo público é o local conhecido por Buriti que fica ao lado da zona urbana, onde há uma vasta flora características da região semi-árida , além de locais envoltos em lendas sobre a habitação do lugar e pinturas rupestres que retratam o passado dos primeiros habitantes que povoaram estas terras.
Conforme Arnaldo Rocha, Manoel Santos e Maria Rocha (2012) o Buriti que tem seu nome atrelado ao fruto, encontrado em abundância no local se tornou por muito tempo a principal fonte aquífera da cidade. Devido à água em abundância e de qualidade e potável, os moradores do município utilizavam a mesma para abastecer praticamente todas as comunidades, alimentar os rebanhos e realizar as atividades domésticas. O ambiente servia ainda de espaço de lazer.
Prosseguindo nesta caracterização, vale destacar a devoção popular e religiosa como marca central do povo santanense. A realização das festas em devoção aos santos padroeiros são períodos que movimentam toda a cidade e que se constituem como momentos de integração entre as comunidades rurais e a sede urbana, e vice-versa.
Segundo dados do IBGE (2010) no município a grande maioria dos fiéis é católica, estipulada em 4.643 pessoas, o que corresponde a 95% dos habitantes. No entanto, existe ainda a presença de outras religiões protestantes que tem conseguindo atingir um número considerável de adeptos, estimado em 233 seguidores, o que representa 5% da população total.
Apontando os processos do surgimento e habitação dos povoados de Santana do Piauí, Arnaldo Rocha, Manoel Santos e Maria Rocha (2012) destacam que o povoamento das nove comunidades rurais do município: Alegre, Barro, Camarada, Engano 1, Engano 2, Lagoa dos Marcelinos, Lagoa Seca, Malhada Vermelha, Camarada, e Queimada da Ema ocorreu mediante o desenvolvimento do lugarejo, hoje Santana do Piauí. Além da chegada e migração de famílias que buscavam por áreas férteis para o desenvolvimento da agricultura. Assim as primeiras famílias foram se multiplicando e gerando seus sucessores que continuavam a fixar morada nestes locais.
Santana do Piauí é uma cidade rural. Esta afirmativa é explicada pelo número da população que habita esta área ser superior à zona urbana. Outra explicação diz respeito aos próprios hábitos culturais dos moradores que por ventura mesmo residindo na sede do município cultivam as características da vivência rural. Neste sentido, o urbanismo é recortado pela vida do campo.
As localidades de Alegre e Queimada da Ema, distantes sete quilômetros da sede urbana, tiveram seu surgimento na década de 30 do século passado, onde o povoamento do local se deu a passos lentos. O número populacional é relativamente baixo se comparado às demais comunidades, estimado em 270 habitantes, correspondente a 12% da população total de Santana do Piauí. Por apresentar proximidade geográfica os dados dos respectivos povoados estão disponibilizados de maneira conjunta.
Arnaldo Rocha, Manoel Santos e Maria Rocha (2012) apontam que uma das primeiras comunidades rurais a ser formada no município é o povoado Barro no ano de 1880. Localizado a uma distância de cinco quilômetros do centro urbano, a respectiva comunidade é a que apresenta maior número de habitantes em relação às demais localidades, 37% do total da população da cidade.
O povoado recebe este nome atribuído à qualidade do solo que no período do seu surgimento foi muito valorizado pelos moradores. No entanto, a população que residia neste ambiente enfrentou por muito tempo problemas devido à falta de água e de infraestrutura.
No estágio atual, significativos avanços foram promovidos no povoado Barro como a melhora nas estradas vicinais que interligam o lugar as outras áreas do município, assim como na garantia dos direitos básicos como educação, saúde.
A localidade dispõe de uma Escola Municipal: Ferreira Santos Brito criada em 1981, que contempla o Ensino Fundamental I e II, além de uma creche, Escolinha Josefa Maria dos Santos que se tornou modelo de educação infantil na cidade, e uma Unidade Básica de Saúde – UBAS implantada em janeiro do corrente ano.
O povoado de Lagoa dos Marcelinos consiste em uma das menores comunidades tanto em área, como no número de moradores, que segundo dados do STAB (2013) atinge o percentual de 14% do total da população do município. O povoado é ainda a localidade mais próxima geograficamente da área urbana, distante apenas três quilômetros, que se torna eixo central de acesso às demais comunidades.
Lagoa dos Marcelinos foi assim denominada devido à existência de um pequeno lago que serviu para o abastecimento de água no lugarejo, para os animais e para a produção de tijolos artesanais. O segundo nome “Marcelinos” é em homenagem a primeira família que habitou o local gerando seus descendentes.
A estrutura básica do povoado contempla um Posto de Saúde da Família – PSF, pois a única escola da comunidade, o Grupo Escolar Moura Rodrigues, onde funcionava o Ensino Fundamental I, foi fechada em julho de 2013 em decorrência da falta de alunos. A taxa de natalidade do povoado apresenta índices muito baixos o que tem comprometido o crescimento do lugar. De acordo com dados do Sistema de Informação de Atenção Básica (STAB, 2013), o número de habitantes na faixa etária de 0 a 14 anos corresponde a 51 pessoas, representando 17% do número da comunidade.
No pertencente a características do povo lagoense a religiosidade é um ponto marcante. No mês de junho onde ocorrem as festas religiosas ao santo padroeiro São Marcelino, centenas de fieis de Santana do Piauí e da macrorregião participam do festejo que se tornou tradição e momento de devoção popular.
Outro povoado com significativa aglomeração de pessoas é a comunidade de Lagoa Seca que tem 17% do percentual total de habitantes da cidade. Arnaldo Rocha, Manoel Santos e Maria Rocha (2012) explicam que o povoamento do local, assim como é característico da região, se deu em função da chegada de famílias que buscavam por lugares propícios para o desenvolvimento da agricultura.
Vale destacar que a economia do povoado esteve direcionada à produção de materiais de forma artesanal utilizados na construção civil, como tijolos, telhas, além de potes de argila. O local ainda é conhecido por suas belezas naturais como o Silvestre, lugar exuberante com formações rochosas e nascentes de água que desaguam em pequenos riachos utilizados para a prática do banho.
No âmbito da educação e da saúde, a localidade possui uma escola municipal: Antônio Mariano da Cunha, fundada no ano de 1984, onde funciona o Ensino Fundamental I, e um posto de saúde, Francisco Ferreira da Cunha, inaugurado em 2006. O Posto de Saúde da Família atende ainda as comunidades de Engano 1 e Engano 2.
Nesta apresentação acerca das comunidades rurais que compõem o município de Santana do Piauí há de se dar ênfase as que apresentam características mais dicotômicas devido à sua localização. São possuidoras desta realidade, as localidades de Engano 1 (Engano dos Rodrigues), Engano 2 (Engano dos Porém), Malhada Vermelha e Camarada.
Os povoados de Engano 1 e 2 permaneceram por longos anos com dificuldades de acesso ao local devido ser uma região montanhosa. Esta situação fomentou a migração dos moradores destas áreas para outras comunidades rurais do município.
Quanto a origem histórica, Arnaldo Rocha, Manoel Santos e Maria Rocha (2012) descrevem que estes povoados tenham surgido em 1870 , onde as primeiras famílias que habitaram estas terras deram nome aos povoados, respectivamente Engano dos Rodrigues (Engano 1) e Engano dos Porém (Engano 2). Ambos possuem uma população estimada em 301 habitantes, 13% dos moradores da cidade (STAB, 2013). Pela proximidade geográfica, os dados que envolvem os dois povoados são contabilizados pelo município de forma conjunta, não havendo separação.
No tocante a economia, devido à abundância de água e formação de pequenos riachos, os moradores dedicam-se ao plantio de verduras e hortaliças que são distribuídas em Santana do Piauí e na região. A distância de um quilômetro destes povoados está a localidade de Malhada Vermelha, situada sobre uma serra.
O Camarada dentre os povoados referenciados anteriormente é o que se localiza mais distante do centro urbano, 14 quilômetros, tendo limites com os municípios de São José do Piauí e Sussuapara. Segundo o STAB (2013) o índice populacional é o menor da cidade, 7%. Em decorrência destes fatores a localidade permanece “isolada” até os dias atuais.
Arnaldo Rocha, Manoel Santos e Maria Rocha (2012) apontam que a energia elétrica foi implantada em 1991, e a perfuração do único poço artesiano em 1996. O respectivo povoado possui ainda uma demarcação política, pois este é “separado” conforme a localização geográfica dos moradores. Os que se encontram ao lado esquerdo da PI 245 pertencem à Santana do Piauí, e os que se situam ao lado direito pertencem ao município de Sussuapara.
Atualmente em favor da seca, muitos retirantes têm saído destas localidades em busca de melhores oportunidades de vida em outros estados, São Paulo é um dos destinos mais procurados. Diante desta realidade, o número da população que habita estes espaços tem diminuído gradativamente.